segunda-feira, 5 de abril de 2010
Rastros de Índios
Incitado pelo sucesso estrondoso da película "Rastros de Ódio", de seu conterrâneo John Ford, Muddy Fields, tendo assistido ao filme em sua terra natal, voltou ao Brasil resolvido a filmar uma verdadeira caçada na floresta. "Nada de atores, eu mesmo vou" - disse a seu amigo John Wayne, pouco antes de partir. Como já não havia mais índios em suas terras de São Paulo, adquiriu rapidamente, junto ao Governo Federal, uma autorização para colonizar nova mancha de floresta do outro lado do Grande Paraná, em Mato Grosso. Fields subiu o rio Sucuriú com seus velhos bugreiros e cães e uma pequena equipe de americanos, contratados para manejar três câmeras que trouxera emprestadas de seus amigos da Paramount. O que se conta dessa aventura são episódios dos mais miseráveis e sangrentos da história da vilania entre os povos. A única exibição do filme, muito prestigiada por entidades do governo brasileiro, foi em uma mansão californiana. As imagens teriam sido o motivo do rompimento de Fields com Wayne, presente à projeção, e que, pouco após as primeiras cenas, teria vomitado e interrompido a sessão aos gritos de "No more ! No more!". Fields, incomodado com a fragilidade de espírito do grandalhão (Muddy era oito centímetros mais alto que John Wayne), passou a insinuar aos órgãos de imprensa uma suposta homossexualidade do ex-amigo.Aquela primeira sessão continua sendo a única de que se tem notícia e nunca se soube do paradeiro dos negativos ou das 50 cópias que Muddy teria mandado fazer para que fossem distribuídas em cinemas da costa leste americana e de Berlim. Há alguns meses, uma lata de filmes vazia foi encontrada em uma das escavações feitas por Leo Lama e Edu Campos, nos arredores de um antigo cemitério indígena parcialmente transformado em pocilga numa das propriedades do antropólogo, o que reacendeu a esperança de que alguma das cópias venha a ser encontrada, desvendando muito da verdade sobre o comportamento de estrangeiros frente às populações autóctones de nosso país.
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